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Governo gasta mais e desempenho do Brasil piora nas Olimpíadas

2/9/2008 10:29:24
Aldrin Willy
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A triste participação do Brasil nas Olimpíadas mostra o quanto o país está distante de uma política nacional séria para o esporte. 


 O pífio desempenho do Brasil nas Olimpíadas de Pequim deixou mais do que claro a falta de seriedade com que o governo trata o esporte. A mediocridade dos resultados brasileiros na maioria das modalidades em disputa nos jogos olímpicos deste ano mostra também a carga de cinismo dos dirigentes à frente do esporte no país.

Cinismo estampado na declaração do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Alberto Nuzman, para quem o Brasil teve em Pequim “sua melhor participação em jogos olímpicos”. Nada poderia ser mais canhestro.

A verdade é que, como bem escreveu Barbara Gancia, colunista da Folha de S. Paulo, essa Olimpíada foi boa para ser esquecida. Mas não para os cartolas que comandam as confederações esportivas pelo país. Para eles, este ciclo olímpico foi bastante vantajoso, haja vista o volume recorde de dinheiro que o país empenhou na preparação dos atletas dos chamados esportes de "altíssimo rendimento".

Fazendo a contabilidade dos gastos, chega-se a absurda conta de quanto custou-nos 13 das 15 medalhas — as duas do futebol não contam porque a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não recebeu recursos públicos — conquistadas nesta edição dos jogos olímpicos: nada menos que R$ 692,58 milhões. Uma média de R$ 53,28 milhões cada.

Foi a mais cara campanha brasileira em uma olimpíada. Este ciclo olímpico foi o primeiro da história completamente beneficiado pela Lei Piva, que reserva 2% das loterias federais para o esporte. Entre 2004 e 2008, os cofres do COB e das outras confederações esportivas foram alimentados com fartos R$ 300,04 milhões.

O dinheiro para estas Olimpíadas não foi pouco. Tanto que o país chegou a manter em Pequim a chamada “Casa Brasil”, uma espécie de centro de apoio ao atleta nacional, ao custo de R$ 10,4 milhões.

As altas somas destinadas a financiar o esporte podem, contudo, induzir-nos a achar que nossos atletas, desta vez, tiveram todo o apoio que precisaram. Não foi bem assim. Do judô, por exemplo, vem um exemplo irretorquível das distorções que permeiam a distribuição de recursos no setor desportivo.

A confederação brasileira da modalidade recebeu cerca de R$ 10,86 milhões do COB e de patrocínio da Infraero. Entretanto, apesar do aporte de dinheiro, o judoca Eduardo Santos, um dos esportistas que foram a Pequim defender as cores do Brasil, não tinha R$ 1,5 mil para trocar de faixa e precisou se endividar para poder ir aos jogos.

O mesmo se repete com outros esportistas. O medalhista de ouro na natação César Cielo é outro exemplo de como o volume recorde de verbas para o esporte não chegou na ponta do problema. O nadador se preparou nos Estados Unidos, tendo um australiano como técnico e com recursos pagos por uma universidade norte-americana.

Como tudo leva a concluir, a maior parte dos R$ 692,58 milhões não ficou nas mãos de nossos esportistas, que, salvo poucas exceções, precisaram executar verdadeiros malabarismos para representar seu país nos Jogos de Pequim. Enquanto houver na direção das confederações desportivas do país castas intocáveis será difícil acreditar em um significativo avanço do Brasil no cenário do esporte no mundo.


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